Palavras ao Vento Literatura

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

já nada tenho...



fugiu-me últimamente
não sei porquê,
entreguei-me  à tristeza
esqueci a alegria
a tristeza me retém permanentemente
numa inquietação sombria
ao mesmo tempo numa doce melancolia.
e nesta minha solidão
só os gorgeios são o barulho do meu
silêncio, e os pássaros que cantam
nas franjas dos arvoredos
fazem com que esqueça meus medos.

já não vejo mais nada
nem penso seja no que fôr
a vida tem um gosto amargo
depois de anos vividos
resta do rosto o suor
e da mente os sonhos quase todos
perdidos...

olho as últimas corolas alaranjadas
balanceiam suavemente ao vento
e as folhas secas pisadas
como meu brutal tormento
só as palavras não têm algemas
e entre os vivos têm sempre lugar
enquanto eu prisioneira,
vou escutando meu lento desagregar.

natália nuno

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