Palavras ao Vento Literatura

quinta-feira, 21 de maio de 2015

ÉPICO

Pensei em escrever algo novo para este blog. Porém, meu tempo anda meio estreito. Resolvi resgatar algo que escrevi ainda em minha juventude e que tem muito a ver com os dias de hoje.



ÉPICO
O AMANHECER

 O Sol espalha seu sangue nos raios de Karna para novamente viver,
As nuvens suspiram na pira de Prometeu procurando o Arco íris,
E os jovens respiram mais uma vez,
Os velhos remexem em suas relíquias,
E todos enfrentam o amanhecer.

O frio se esvai, esperando seu pai chegar e sugar o calor,
Já o calor bate nos grãos de areia transformando tudo em sal,
E o sal vai cozer o coração dos duros, como são as pedras,
O sangue remexe em suas veias,
E todos esperam o amanhecer.

No Norte as pessoas batucam tomando água de côco,
No Sul as pessoas fazem a roda no pé do chimarrão,
E quando amanhece, o Sul esquece e toma café,
E o Norte pega o pau-de-arara e vem para o Sul,
E juntos rezam por mais um amanhecer.

 O MEIO DIA

É meio dia de um dia tão lindo,
As flores sorrindo, a felicidade batendo na porta,
Pedindo pra você “me deixa entrar!”,
Mas no seu capacho não está escrito “Bem Vindo”,
Mas seu coração é quem pede,
Você pode estar longe, que o meu sangue está aí,
Não se esquece um amor Santo,
Não se briga com o nosso amor,
Mas enquanto você está muda,
Eu escuto tudo o que você tem a dizer.

É meio dia, é hora de ir embora,
Mas não chore por me ver partir,
A partida é um breve momento, mas o sofrimento parece eterno,
O meu já não te satisfaz,a sua gula é muito mais voraz,
O teu prazer pedindo desejo, e o que eu almejo está longe,
Que mesmo eterno, não consigo buscar.

É meio dia, o relógio parou,
Na velha Matriz o sino tocou,
Mas a beleza da minha certeza,
É que você ainda me tem com muito amor.

Ao meio dia é tudo transparente,
É tão mais fácil olhar pela lente,
Observar o que você ainda sente,
E saber que um dia ainda pode viver tão distante,
Mas tão próximo, como o passar das horas.


PREDÚDIO

Deixe a formiga formigar a sua vida,
Venha se juntar a nós,
Venha viver como nós,
Venha ser mais um que não quer formigar.


O VESPERTINO

Sangue solto nas veias, a batalha começou,
Águas no céu anil, pedestres rondam tumbas,
Farejam o amor, a peste corre o mundo.

Levantam-se os mortos, tentam sobreviver,
Gritam almas penadas, queimando o seu suor,
Pedras batem geladas, pedindo acalanto.

O entardecer de combate e de serras cortando,
Pessoas viram pedras e fogos cruzam o espaço,
É mais um entardecer do olho do dragão.

E o dia acaba feliz,
A vida acaba feliz,
O dinheiro já não vale,
Não existem mais os vales,
Onde outrora brincávamos,
Hoje só resta a saudade,
E a falta de saúde,
Para poder reconstruir
A minha nova vida.


A HORA DA CIGARRA CANTAR

É hora de a cigarra cantar, do sapo coaxar e a coruja piar,
É hora de trazer a graça, de trazer a chuva, de atrair desgraças,

Junto com as cigarras cantam os grilos,
Junto com os sapos estão os insetos,
Junto à coruja estão os incestos.

O sangue da virgem já jorra,
A cigarra canta, o sapo coaxa, a coruja pia,
Anunciando a hora bestial.


O ANOITECER

Gatos, morcegos, víboras, lobos, diabos,
Sangue, violência, sexo, morte, rock’n roll,
Homens de bem, homens do mal,
Trazendo a barra pesada e a materialização do anoitecer.

Padres são falsos na terra de ninguém,
Virgens prostitutas são freiras, são bruxas,
Crianças são vítimas das circunstâncias,
São assassinadas em missas negras,
Morrem de frio e de fome na missa da vida.

Já não saem mais os gatos e os morcegos,
As víboras, os lobos e os diabos,
O sangue da Terra não dá para todos,
E todos não fogem do que querem ser,
Os vampiros continuam vivos e destruindo,
Mais uma vez, a vida humana que não vive o humano.


CANÇÃO DEVOCIONAL AO PAI SOL

Vem com teus raios flamejantes, ó grande Pai!
A tua aura áurea se abre em raios de flor,
Traga a sua vida a todos que querem viver,
Faça a sua vontade, ó pai, e vem fazer eu morrer.

Vem com tua chama acesa, incendeia o meu coração,
Suba os degraus do meu mundo e me traga a realidade,
Torna-me mais um de seus filhos, ó grande Avatar dourado,
Faça a sua vontade, ó pai, e vem fazer eu nascer.

Cuidado, ó Surya, que seus cabelos são cobiçados,
Mas estes que cobiçam jamais no ouro deles poderão tocar,
Sua energia percorre minh’alma e me transforma em rei,
Agora eu sei o que são “As Minas do Rei Salomão”.

Tantos procuram a tocha sagrada,
Muitos já seguraram na mão,
Mas não conseguiram retirar,
A Excalibur da rocha de Arthur.

A sua chama ainda está acesa,
Sua taça ainda está cheia e não foi derramado o mercúrio,
O fogo ainda existe no meio de nós,
Até amanhã meu pai dourado.

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